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sexta-feira, 29 de julho de 2016

Histórias do Candangão - Após vencer a FIFA, Gama consegue o tetra candango


No campo e nos tribunais, Gama levou o Candangão de 2000

O Candangão de 2000 foi um dos mais conturbados da história. O Gama, que travava uma briga judicial contra os grandes cartolas do Brasil, teve de enfrentar até a FIFA - que lhe aplicou uma suspensão - para se sagrar campeão candango. A disputa entre Gama e Bandeirante foi muito além das quatro linhas, adentrou os tribunais e só teve fim mais de um mês após a primeira partida da final.

A briga começou dias antes do primeiro jogo da final. O supervisor do alviverde, Edvan Aires, discutiu com o presidente de honra do Bandeirante, Carlos de Andrade, na sede da Federação Metropolitana. O Gama havia cedido por empréstimo os jogadores Jairo e Rochinha para o Bandeirante, no termo de compromisso assinado por Carlos de Andrade, o clube se comprometeu a devolver os atletas caso as equipes se enfrentassem na final, além de não jogar na Metropolitana, no jogo como mandante, mas não quis cumprir

Dentro de campo, no dia 25 de junho, Gama e Bandeirante começaram a decidir o último Candangão do século XX. O alviverde foi dominante durante todo o primeiro tempo, tendo duas grandes chances de abrir o placar, a primeira André salvou a cabeçada de Marcelo França, na segunda, nos pés de Abimael. A segunda etapa foi o reflexo da primeira, com o alviverde criando várias chances. Aos 20, Lindomar cruzou para Romualdo, que ajeitou para Abimael marcar. O alviverde relaxou e sofreu o empate, aos 35 Alessandro Bocão marcou de bicicleta.

Briga no tapetão
No dia 29 de junho a FIFA ouviu o "apelo" da CBF em favor da injustiça contra o alviverde. A entidade internacional suspendeu o Gama de qualquer atividade esportiva contra filiados à Confederação Brasileira de Futebol.

No primeiro momento, o presidente da Federação Metropolitana de Futebol (FMF), Weber Magalhães, suspendeu a partida, provocando a ira de Wagner Marques. Em cerca de 24 horas, o Gama derrubou a suspensão da FIFA com uma liminar concedida ao PTB - que entrou com uma ação em favor do alviverde - na Vara Cível de Planaltina e a partida voltou a ser marcada para o dia 2 de julho.


O Gama compareceu, posou para foto e... nada do adversário

O Bandeirante, apesar da liminar do Gama, não apareceu em campo. O alviverde compareceu e esperou os 30 minutos regulamentares. A decisão do adversário partiu de um jogo de interesses, ficando do lado da CBF e Clube dos 13, que os convidaram para disputar a segunda divisão da Copa João Havelange, desprezando o futebol candango.

Uma semana depois, quando estava marcado o terceiro e último jogo da decisão, o Bandeirante manteve a decisão e não foi a campo, levando assim a disputa do título candango ao tapetão.

Para que houvesse um campeão e nenhum prejuízo a mais, Gama, Bandeirante e a Federação Metropolitana de Futebol chegaram a um acordo e o regulamento do Candangão foi alterado. A final prevista para acontecer em uma melhor de três, passou a ser de apenas dois, por falta de tempo para um terceiro duelo. O vencedor seria o campeão, no caso de empate no tempo normal, prorrogação e se persistisse a igualdade no placar, o Gama ficaria com o título por ter melhor campanha. A partida foi disputada no dia 27 de julho, mais de um mês após o primeiro jogo.

Campeão em campo
Com um Bezeerrão lotado - cerca de 20 mil presentes - o Gama entrou em campo em busca do tetracampeonato seguido. Assim como na primeira partida, começou arrasador. Aos cinco minutos, Lindomar teve a primeira grande oportunidade, quatro minutos depois, Kabila não conseguiu marcar. Quando era dominante, veio a surpresa. Aos 14 minutos Evilásio, de cabeça, abriu o placar para os visitantes.

O Gama não deixou o Bandeirante gostar da partida e aos 22 veio o empate. Romualdo ajeitou para Gérson chutar forte, sem chances de defesa. O alviverde pressionou ainda mais, Rodriguinho, Kabila e Mário Zan pararam na boa atuação do goleiro Alexandre.

No segundo tempo o Gama voltou novamente pressionando e aos 15 veio a virada. O volante Kabila acertou um belo chute no ângulo. A torcida foi a loucura e começaram os gritos de "é campeão". O Bandeirante não se deu por vencido e conseguiu o empate aos 25 minutos, com gol  de Duílio. 

O jogo ficou quente, o árbitro expulsou Bira, do Bandeirante, o que gerou uma confusão e deixou o jogo paralisado por cerca de 10 minutos, apesar disso ele não deu acréscimos, provocando a ira do supervisor do alviverde Edvan Aires, que correu para discutir após o final do tempo regulamentar. Na prorrogação, o Gama ainda marcou, com Lindomar, mas o gol foi anulado. 

O título coroou a boa campanha do Gama, que em 22 jogos venceu 12, empatou 8 e perdeu apenas duas vezes. Com a taça o alviverde também empatou em número de títulos com o Brasília - oito até então.


Gama foi dominante, perdeu várias chances, mas conseguiu o tetra


GAMA 2x2 BANDEIRANTE - FINAL/SEGUNDO JOGO - CANDANGÃO
Data: 27/07/2000
Local: Estádio Bezerrão 
Renda: R$16.503,00
Público: 16.203 pagantes
Árbitro: Paulo Renato
GAMA: Fernando; Paulo Henrique, Gérson, Nen e Rodriguinho; Deda, Kabila, Lindomar e Mário Zan (Ésio); Abimael (Marcelo França) e Romualdo. Técnico: Vagner Benazzi
BANDEIRANTE: Alexandre; Vianna (Duílio), Flávio, Júnior e Ricardo (Roberto); Bira, Evilásio, Marquinhos Brazlândia e Júlio César; Jackson e Toni (Washington). Técnico: Eurípedes Bueno
GOLS: Gérson (22') e Kabila (60') para o Gama; Evilásio (14') e Duílio (70') para o Bandeirante

Por Gabriel Caetano





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