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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Tiago Gaúcho, o guerreiro alviverde


Tiago Roberto Stragliotto, o 'Tiago Gaúcho', tornou-se um ídolo para a torcida gamense. Mesmo em meio a crise que gerou para o alviverde a carência de grandes campanhas nos últimos anos, seu carisma e a raça apresentada em campo, além da fidelidade a camisa alviverde desde a primeira vez que a vestiu, o colocaram no rol dos ídolos do clube.

Sua chegada




Tiago Gaúcho chegou ao Gama em 2010, indicado por Heriberto da Cunha, treinador que assumiu o clube para o segundo turno da Série C. Heriberto já havia trabalhado com ele em dois clubes, Ceará e ABC, portanto o indicou e foi atendido pelo então presidente, Paulo Goyaz. Na época o volante estava vinculado ao Vila Nova-GO e veio ao alviverde por empréstimo. 

Sua estreia foi na penúltima rodada, contra o Luverdense, no estádio Bezerrão. Logo na primeira partida entrou como titular. Tiago Gaúcho deixou uma boa primeira impressão, em uma oportunidade quase marcou, chutando rente a trave do goleiro adversário. O Gama teve uma boa atuação, mas cedeu o empate no final.

O aguerrido volante permaneceu titular nas outras três partidas finais do campeonato, que acabaram concretizando o rebaixamento do Gama e aumentando a crise. Após o término do torneio, o empréstimo não foi renovado e Tiago Gaúcho saiu.

No dia 28 de janeiro de 2011, o atleta foi repatriado ao elenco alviverde para a disputa do Candangão, que já caminhava para a quinta rodada.

Sua reestreia foi contra o Formosa, no estádio do rival. Após começar no banco, Tiago Gaúcho entrou no lugar de Tallys, mas com uma partida ruim do alviverde, a derrota foi inevitável.

O primeiro gol

Na oitava rodada daquele Candangão, o Gama enfrentou o Ceilandense, no estádio Abadião. O placar apontava um empate em 2 a 2, o alviverde jogava melhor e chegou ao gol. Aos 25 do segundo tempo, Elivelto cobrou escanteio na cabeça de Tiago Gaúcho, que escorou para o fundo das redes. O alviverde venceu por 4 a 2.

"Time de Guerreiros"



Depois de uma classificação sofrida, o alviverde sofreu duas derrotas melancólicas no início do quadrangular semifinal - incluindo uma derrota no Bezerrão para o arquirrival. Instaurou-se então uma grave crise no clube, onde em meio a salários atrasados e resultados ruins, o presidente Paulo Goyaz se isentava de qualquer culpa, despejando-a em jogadores, comissão técnica e torcida.

Em meio críticas e expectativa negativa, o espírito aguerrido dos jogadores foi o que manteve aquele time vivo. Tiago Gaúcho se tornou um ícone para a torcida e um dos líderes daquele elenco que, motivado pela superação e o apoio da massa alviverde, caminhou rumo ao milagre, ocorrido no estádio Serejão. Com um time totalmente desfalcado, jogando com atacante improvisado de lateral, o Gama passou pelo arquirrival por 2 a 1, se classificando para a tão almejada final. 

"Foi fantástico e inesquecível, por tudo que aconteceu naquele momento de salários atrasados, contra uma equipe milionária e mesmo assim, contra tudo e todos, conseguimos quatro vitórias seguidas, algo que o Gama não conseguia há muito tempo"

Amparado pelo regulamento, o Brasiliense conteve o ímpeto gamense, segurou dois empates na final e levou o caneco. A perca do título acabou sendo apenas um detalhe, os jogadores tidos como heróis mesmo após o vice, foram recebidos pela torcida como campeões, na volta ao Gama.

Saída digna
Após a saída "pelos fundos" do presidente Paulo Goyaz, a debandada começou no Gama. Tiago Gaúcho, que havia prometido não ir para o rival, cumpriu sua palavra. Uma exceção entre vários alviverdes que 'viraram a casaca'. Ele também não entrou na justiça contra o clube, acertando sua saída com a diretoria e indo para o Ipatinga, juntamente do zagueiro Pedrão, onde conquistaram o acesso à Série B - coincidentemente, em cima do Brasiliense, no estádio Serejão. 



"Um dia voltarei para ser campeão com o Gama"
Logo após seu acerto com o Ipatinga, em 2011

A volta
O dia chegou. Na preparação para o ano de 2015, o renovado e motivado Gama se preparava com ímpeto e almejava o título. A torcida, que tanto pedia Tiago Gaúcho, foi finalmente atendida. O jogador chegou como um dos grandes reforços para os ambiciosos planos do alviverde, que pretendia não só o título, mas também o acesso à Série C.

Como capitão da equipe, Tiago Gaúcho assumiu um papel de líder do elenco alviverde. Sua experiência e a relação com os torcedores foram determinantes e o tão sonhando título veio. Tiago Gaúcho acabou se lesionando na fase decisiva e acabou não se recuperando a tempo de ser o titular no jogo final, mas esteve presente e fez parte da quebra do jejum de 12 anos.

Saída dolorosa
Depois da conquista do título, veio a movimentação para a disputa da Série D. Começaram a chegar os reforços, as renovações e as dispensas. Nessa história, Tiago Gaúcho acabou sendo desprezado. Incluído em uma suposta lista de dispensáveis do técnico Gilson Granzzotto, o volante acabou não renovando seu vínculo, "não me falaram nada. Não chegaram para mim e pediram algo como redução de sálario ou coisa parecida. Não houve nada dentro do vestiário que motivasse um afastamento", declarou ao BloGama na época.


A sua dispensa despertou a ira dos torcedores, que organizaram protestos e cancelaram o sócio torcedor, criado pelo clube no mesmo ano. A quebra do jejum de 12 anos sem título acabou sendo manchada por esse episódio e o Gama se tornou um time campeão em crise.

"Não pedi nenhum tipo de aumento de salário. Imaginei que estava tudo certo para eu renovar, quando vim pra cá, vim com o objetivo de ser campeão e consegui. Mas não queria parar por aqui, meu segundo objetivo é colocar o Gama na Série C. Aqui é o meu lugar, gostaria de encerrar minha carreira aqui pelo Gama"
Declaração pelas redes sociais na época

Em 2016, o Gama fez uma parceria com uma empresa europeia. Com um técnico italiano e jogadores desconhecidos em meio a base campeã de 2015, o alviverde mantinha sua preparação focada para as três competições que disputaria. Tiago Gaúcho novamente foi aclamado pela torcida, para que entrasse nesse planejamento. Procurado inicialmente pelo arquirrival Brasiliense - que chegou a coloca-lo como pré-contratado no BID (Boletim Informativo Diário) da CBF - o volante recebeu uma proposta do presidente Tonhão e acertou com o alviverde, "surgiu esse convite do Gama, eu não pensei duas vezes, era a minha possibilidade de retornar e voltei na hora, por tudo que esse clube representa para mim", disse.

Não legalizado a tempo de disputar a primeira rodada do Candangão, Gaúcho só reestreou com a camisa alviverde no jogo seguinte. Novamente o estádio Diogão foi o palco de uma estreia de Tiago Gaúcho, o novo (velho) reforço entrou no segundo tempo, no lugar de Abuda. Dessa vez, com uma partida avassaladora, o alviverde papou os goianos, com uma vitória por 2 a 0.

No elenco a concorrência era forte, Gaúcho não foi titular logo de cara, mas foi ganhando espaço. Após um início empolgante, o Gama foi caindo de produção na reta final do Candangão, o técnico italiano acabou demitido e o substituto, Arthur Bernardes, acabou não sendo uma solução.

Paralelo a disputa local, o alviverde disputava a Copa Verde, onde eliminou o Vila Nova, nos pênaltis, em um grande dia do goleiro Pereira - Tiago Gaúcho abriu as cobranças, marcando o primeiro da vitória alviverde por 4 a 3.

As decisões
Em um espaço de 11 dias, estavam em jogo duas vagas nas finais dos campeonatos que o Gama disputava. O futuro do alviverde girava em torno das partidas contra Aparecidense e Luziânia. No dia 17 de abril, o primeiro embate da batalha de duas partidas. O Luziânia, invicto até então, jogara em casa e fez jogo duro. Após sair perdendo, o alviverde conseguiu buscar o empate com um belo gol de Tiago Gaúcho.

Apenas três dias depois, no estádio Serra Dourada, a vitória por 3 a 1 sobre a Aparecidense encaminhou a vaga na final da Copa Verde. No dia 23, a derrota por 2 a 1 confirmou o alviverde na final da disputa regional, agora o foco era o Luziânia e o jogo 'mais importante do ano' quiçá um dos mais importantes da história do Gama.

Seriam dois anos de planejamento colocados a prova naquela partida. O Gama saiu ganhando, Grampola de pênalti abriu o placar logo no início. Ainda no primeiro tempo veio o empate. A disputa foi para os pênaltis. 

O pênalti maldito


Tiago Gaúcho, que havia se machucado em uma dívida, não fugiu da responsabilidade e foi designado a cobrar. Iniciou a série e cobrou para fora. Os pênaltis seguintes foram todos convertidos e o adversário avançou à final.

"Acabei quebrando um dedo durante a partida. Mesmo assim, por nunca desistir, não fugi da minha responsabilidade, acabei batendo e errando o pênalti, algo que até hoje me dói, porque ninguém queria mais aquele título do que eu"

A lesão ainda o tirou da final da Copa Verde e, posteriormente, das partidas da Copa do Brasil, onde o Gama chegou à terceira fase. O futuro é incerto para ele, ainda quer jogar e terminar a carreira no alviverde. "Tenho certeza que Deus tem o melhor guardado. Espero jogar ainda por mais uns três anos e assumir algum cargo dentro do Gama e o ver disputando uma Série B do Campeonato Brasileiro", disse o jogador. 


O carinho com a torcida e as amizades colhidas
O carisma de Tiago Gaúcho foi um dos pontos determinantes para o seu sucesso no Gama. Acolhido pela torcida, o jogador sulista fez do planalto central uma segunda casa - que se confunde como primeira. Seus planos para o futuro giram em torno do alviverde. "Sou muito grato a toda torcida do Gama, que é o maior patrimônio do clube, a torcida faz o Gama ser grande, acompanhando o clube seja onde for. Esse respeito e confiança de saber que ambos queremos o melhor para o clube é muito gratificante", declara o jogador, que tem uma ligação muito forte com o clube, no qual se tornou um dos ídolos mais queridos.

O volante ainda faz questão de ressaltar as amizades que fez no clube entre essas idas e vindas. "Amigos verdadeiros são raros, mas o Gama me proporcionou alguns, tantos jogadores, pessoas ligadas ao clubes e muitos torcedores, que hoje são meus amigos pessoais", salienta o jogador, que faz questão de enfatizar: "Sou como eles, compartilhamos da mesma paixão".



"O Gama significa muito na minha vida e na minha história como jogador, pela identificação com o clube, a torcida e acima de tudo pelo respeito que tenho pela instituição, que mesmo com qualquer dificuldade é um time grande, de uma torcida imensa e apaixonada. Saber que tenho uma participação na história do clube, isso não tem preço"



FICHA TÉCNICA
TIAGO ROBERTO STRAGLIOTTO
DATA DE NASCIMENTO: 16/08/1984
CIDADE NATAL: IJUÍ (RS)
GOLS MARCADOS: 4
CEILANDENSE 2X4 GAMA - CANDANGÃO 2011 - TERCEIRO GOL
GAMA 5X3 FORMOSA - CANDANGÃO 2011 - QUARTO GOL
GAMA 2X3 PARACATU - CANDANGÃO 2016 - SEGUNDO GOL
LUZIÂNIA 1X1 GAMA - CANDANGÃO 2016 - PRIMEIRO GOL
CONQUISTAS  
1 CAMPEONATO CANDANGO (2015)
1 VICE-CAMPEONATO CANDANGO (2011)
PARTIDAS OFICIAIS DISPUTADAS PELO GAMA 
2010 (4 JOGOS)                                                                                 
2011 (18 JOGOS)                                                                                 
2015 (14 JOGOS)                                                                                 
2016 (19 JOGOS)                                                                               
TOTAL: 55 JOGOS

Por Gabriel Caetano

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